O DIA INTERNACIONAL DO TRABALHADOR

O Dia Internacional do Trabalhador é comemorado anualmente no dia 1o de maio, mas a data traz uma pesada carga histórica.

A tela "Os Operários", de Tarsila do Amaral, retrata o artista como um operário,
 e, na opinião dessa humilde professora retrata muito mais o espírito
da data do que as imagens ufanistas disponibilizadas pelo Google.


Em 1886, ocorreu uma manifestação de trabalhadores nas ruas de Chicago, EUA, que visava à diminuição da jornada de trabalho de 16 para 8 horas semanais.A repressão foi severíssima, e a polícia abriu fogo contra os manifestantes, provocando dezenas de mortes e ferimentos nos revoltosos.

Apesar de os EUA se negarem a reconhecer essa data, o 1o de Maio é um importante marco da luta contra a exploração do trabalho e pelos direitos do trabalhador.

No Brasil, a data foi fixada com feriado no ano de 1925. Os sindicatos tinham influência dos ideais anarquistas, porém, com a chegada de Getúlio Vargas ao poder, sua base teórica perdeu a força, e os sindicatos passaram a ser incorporados pelo Estado ("sindicatos pelegos" ou "sindicatos amarelos"). Foi o trabalhismo varguista.

Em vez de a data levar à reflexão sobre a condição do trabalhador, costuma ser um momento de comemorações. Vargas e seu trabalhismo resistem até hoje, já que, não raramente, a data é celebrada com festas, shows e sorteios de casa própria.

O caráter massificador do Primeiro de Maio mostra-se ao percebermos que foi justamente nessa data que o então presidente anunciou o aumento anual do salário-mínimo. Além disso, o governo Vargas também foi responsável pela aprovação da CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas), anunciado também no 1o de maio de 1943. Apesar de parecer ter sido uma conquista dos trabalhadores, a CLT foi imposta de cima para baixo, ou seja, não foi fruto da luta dos trabalhadores, mas criada pelo governo, a fim de diluir o conteúdo de classe dos sindicatos e de desmobilizar os sindicatos.

O que é melhor? Conquistar algo por si ou receber esta mesma coisa das mãos de alguém? Podem ter sido vantajosas para os trabalhadores, mas essas leis acabaram afastando o proletariado de sua luta e gerando uma falsa impressão de que está tudo bem.

No comunicado da presidenta Dilma, ontem, devido ao 1o de maio, ela afirmou que os bancos têm uma lógica perversa ao se negarem a reduzir as taxas de juros, o que prejudica os trabalhadores de baixa renda. Essa linha do seu discurso foi polemizada pelas mídias marrons, que vivem para defender o alto empresariado...

Leia abaixo o discurso na íntegra:


"Minhas amigas e meus amigos, amanhã, 1º de maio, é um bom dia para refletirmos sobre uma verdade nem sempre lembrada, que tudo o que um país produz é fruto do esforço do trabalhador. E, por isso, todo trabalhador tem o direito de usufruir de tudo o que o seu país produz.
Para usufruir cada vez mais da riqueza do Brasil, o trabalhador brasileiro precisa de melhores empregos, de salário digno, educação de qualidade e formação profissional adequada às necessidades do mundo moderno.
Para garantir esses direitos do trabalhador, o país necessita consolidar seu crescimento, equilibrar sua economia, diminuir as desigualdades, proteger a indústria e sua agricultura, desenvolver novas tecnologias, e ser cada vez mais competitivo e soberano no mundo.
Nosso governo trabalha por isso todos os dias. Tem feito também todo o esforço e criado as condições para que o setor privado, o sindicato, os movimentos sociais e toda sociedade participem dessa tarefa. Não quero ser a presidenta que cuida apenas do desenvolvimento do país. Mas aquela que cuida em especial do desenvolvimento das pessoas.
Cuidar do desenvolvimento das pessoas significa lutar por uma saúde melhor para os brasileiros pobres de classe media. Significa prover educação de qualidade em todos os níveis, inclusive cursos técnicos e universitários no Brasil e no exterior, para brasileiros de talento de qualquer classe social como estamos fazendo através do programa Brasil Sem Fronteiras, que oferece bolsas de estudos para 100 mil estudantes nas melhores universidades do mundo.
Cuidar do desenvolvimento das pessoas significa lutar incessantemente pra acabar a pobreza extrema em todas as regiões do país. Significa enxergar o trabalhador como cidadão e por isso pleno de direitos civis. Enxergá-lo também, como consumidor, com condição de comprar todos os bens e serviços que sua família precise pra viver de maneira cômoda e feliz.
Faz parte dessa luta o esforço do governo para reduzir os juros. A economia brasileira só será plenamente competitiva quando nossas taxas de juros, seja para o produtor seja para o consumidor, se igualarem às taxas praticadas no mercado internacional.
Quando atingirmos este patamar nossos produtores vão poder produzir e vender melhor e nossos consumidores vão poder comprar mais e pagar com mais tranquilidade. Vem daí o esforço que o governo faz para equilibrar a economia, o que tem permitido a queda contínua da taxa básica de juros. Vem daí também a posição firme do governo, para que bancos e financeiras diminuam as taxas de juros cobradas aos clientes, nos empréstimos, nas taxas básicas e nos cartões de crédito.
Nós últimos anos nosso sistema bancário é um dos mais sólidos do mundo. Está entre os que mais lucraram e isso tem lhe dado força e estabilidade, o que é bom para toda a economia, mas isso também permite que eles dêem crédito mais barato aos brasileiros.
É inadmissível, que o Brasil que tem um dos sistemas financeiros mais sólidos e lucrativos, continue com um dos juros mais altos do mundo. Estes valores não podem continuar tão altos. O Brasil de hoje não justifica isto. Os bancos não podem continuar cobrando os mesmos juros para empresas e para o consumidor enquanto a taxa básica Selic cai, a economia se mantém estável e a maioria esmagadora dos brasileiros honra com presteza e honestidade seus compromissos.
O setor financeiro, portanto, não tem como explicar esta lógica perversa aos brasileiros. A Selic baixa, a inflação permanece estável, mas os juros do cheque especial, das prestações ou do cartão de crédito não diminuem. A Caixa Economia Federal e o Banco do Brasil escolheram o caminho do bom exemplo e da saudável concorrência de mercado provando que é possível baixar os juros cobrados aos seus clientes em empréstimos, cartões, cheque especial e inclusive no crédito consignado.
É importante que os bancos privados acompanhem esta iniciativa para que o Brasil tenha uma economia mais saudável e mais moderna. É bom também que você, consumidor, faça prevalecer seus direitos, escolhendo as empresas que lhe ofereçam melhores condições. Sei que para que nosso país tenha uma economia mais forte, é preciso ainda que encontremos mecanismos que permitam uma diminuição equilibrada dos impostos para produtores e para consumidores e também que tenhamos uma taxa de câmbio que defenda nossa indústria e nossa agricultura. Em suma, os nossos empregos.
E que o governo utilize os recursos públicos sempre de forma eficiente e honesta para que a população sinta, da forma mais efetiva possível, o retorno do imposto que paga.
Por sinal, acabamos de retirar os impostos da folha de salários. Para que esta carga fiscal deixasse de punir o emprego. Isto está dando mais alívio ao empregador e mais segurança ao empregado.
Garanto às trabalhadoras e aos trabalhadores brasileiros que vamos continuar buscando meios de baixar impostos, de combater os malfeitos e os malfeitores e cada vez mais estimular as coisas bem feitas e as pessoas honestas de nosso país.
Mas não vamos abrir mão de cobrar com firmeza de quem quer que seja, que cumpra seu dever. Que faça sua parte para que o Brasil cresça e todos os brasileiros cresçam juntos para que nossos trabalhadores e nossas trabalhadoras melhorem sua capacidade de produzir e de consumir. Sua capacidade de viver bem, de ser feliz e de fazer seus irmãos igualmente felizes.
Viva o 1º de maio, viva o trabalhador brasileiro, viva o nosso querido Brasil. Obrigada e boa noite.”





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